terça-feira, 29 de abril de 2014

Amor pátrio

 
E todos partem em busca de pão
E todos cultivam campos de solidão
E a saudade é a sua monocultura
Na crueldade da  ausência dura.
Quem deitará à terra as sementes da esperança?...
Quem, minha pátria sagrada, cantará teu hino?
Quem recordará os heróis, agora, mortos?
Quem, minha alma-pátria? Quem?...
O quê matará as fomes das tuas ausências?
Quem elevará a lua nas noites de escuridão?
Quem trará de volta os velhos que ficaram
Lá longe,... no longe da saudade dos filhos?
Quem, ondulantemente, colherá as espigas
Dos teus campos abandonados, mas sagrados?
Minha pátria adiada, quem te limpará os olhos
Da angústia dos teus filhos, sem lágrimas?
Quem reconhecerá nas tuas fontes o canto,
Vindo do longo sofrimento de séculos?
Quem poderá apagar da alma da tua gente
Este grito de futuro, premente, de saudade:
-Portugal, és a minha alma!
És o meu pão de cada dia
És o meu lamento de cada noite!
És, apesar da diáspora fria,
A estrela na perdida agonia.

Sem comentários: